20 de abr. de 2012

Fungada





Hoje, tive um dia de reflexão sobre a minha vida, das saudades que sinto e de todo um caminho que eu percorri para conquistar o que eu sempre vi como promessa para o futuro: a solidão. Belamente norteado por um dos baixos de meu transtorno bipolar.
Com a dor da inflamação de meu pulso direito e dos dedos mínimo e anelar, me sinto um velho por relacionar a dor ao mau tempo que brinda meu sofrimento interior com uma chuva fina, pós-chuva torrencial, mas verdadeiramente causado por um incidente de tempos atrás, que algumas poucas pessoas conhecem. Sinto uma lágrima correr meu rosto e logo se misturar com a água da chuva, que após se acumular sobre minha cabeça, escorre pela minha fronte. Fazendo trilha sonora para o meu descontentamento, toca no meu celular My December, seguido por Snuff, do Slipknot. As poucas pessoas com quem cruzo nas ruas não percebem meu pranto embalado que se intensifica, pela escuridão e pela chuva que assim como minhas lágrimas caem em maior volume; ou por simplesmente ignorar. Afinal, não é da conta delas.
Uma angústia toma conta de meu coração, apertando-o. Lembro da minha desatenção e distante companhia, enquanto acariciava não um Motorola V3, mas uma lembrança de tempos sem volta. Não é difícil perceber onde meus pensamentos repousam. Arrependimento pelo que eu não fiz, ou não tive coragem de fazer; não sei ao certo. Vejo meus dias passarem sem companhia, sem amizades, sem aquelas conversas desconexas ou intelectuais, ou ainda, risos e minha voz estridente, tão característicos. Há muito, eu já havia percebido que minha alma se quebrou, como um reflexo em um espelho alvejado pelas pedras da vida (ou de pessoas que menos esperava). Meu céu está nublado. Penso que o que tenho não me basta. Será?

Enquanto observo um carro que está parado em frente ao ponto de ônibus, bloqueando a parada dos que chegam, começa a tocar Sorrow, de outra banda que adoro: Bad Religion. Sou novamente atacado pelo meu próprio transtorno, abaixando minha face e elevando os olhos, apertando os dentes e tomando a velha postura agressiva que ajudou a moldar meu apelido. As lembranças novamente tocam minha mente, transformando meus lábios em um meio sorriso. Lembro de quem eu sou, e de tudo o que eu fiz para chegar onde estou. Das coisas que eu fiz por acreditar que era o certo. Lembro de tudo o que eu decidi, e que também decidi não voltar atrás. Lembro de palavras doces e de choro compartilhado. Lembro das palavras de incentivo e de como me sentia despertado de um sono letárgico depois de ouvir que tudo ia passar e um prolongado abraço. Estes momentos serviam pra me dizer "você não está só". Ainda sinto o calor do abraço. O que será que procuro?

Inundado por estes sentimentos, eu me sinto eu novamente. Embarco no ônibus. Olhando desafiadoramente para o "conteúdo" do ônibus após cumprimentar o motorista, encarno novamente a revolta, visto minha velha pele, sinto-me novamente um lobo entre cordeiros.

"O QUE VOCÊ TÁ OLHANDO, CARALHO?!?"

Sim, aqui estou eu, de novo.

"Você vendeu minha alma, para salvar a si mesma..."

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